sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Episódio "A Prima do Saci - Capítulo XIV: O Noivado
Episódio de Hoje: A Prima do Saci
Capítulo XIV: O Noivado
Narizinho já havia mentido para Emília e Pedrinho explicará tudo à Rabicó. O leitão prometeu colaborar, mas com a promessa de muita fartura no seu chiqueirinho para o resto de seus dias. O Visconde de Sabugosa também fora convocado à comparecer para fingir-se de pai de Rabicó. Narizinho havia dito à Emília que era mentira que o sábio fora feito por Pedrinho de um sabugo de milho; na "verdade", ele era um rei transformado em sabugo visconde pela mesma bruxa que virou Rabicó em porco. Para provar, Pedrinho desenhou bem na testa do Visconde uma coroinha de rei, e enterrou-lhe a cartola na cabeça.
Agora estão todos reunidos na sala, servidos de um bom café com mistura da Tia Nastácia. Claro que só o Rabicó comia: devorava os bolinhos, as pipocas, as torradas com geleia. Após terminar de comer, e disfarçar um arroto no lenço do bolso, declarou muito sério:
Rabicó: Agora que se passou o tira-gosto, quero a entrada: três mandiocas, quatro abóboras, e uma travessa de mil minhocas no mínimo, nada menos é digno de um príncipe: Nada menos, muito mais.
Pedrinho: Ora, seu príncipe duma figa! Passa fora! Chispa!
Rabicó: Eu exijo que tenha mais respeito com seu amo, rapazinho. Papai, prenda o plebeu que não sabe o seu lugar.
Visconde: E-eu?
Rabicó: Sim, condene-o à morte.
Pedrinho: Que morte que nada! Lhe prego um pontapé que você vai desejar nunca ter nascido.
Segundos depois, Rabicó estava para fora da casa, gemendo de dor.
Rabicó: Você ainda vai se dar muito mal, plebeu!
Narizinho: Viu, Emília, que príncipe poderoso é o Rabicó? Um pouco genioso, mas não faz mal...
Visconde (enxugando com o lenço duas lágrimas de crocodilo): Peço perdão aos presentes pelo comportamento inadequado e indigno do Senhor Meu Filho.
Narizinho: Ora, deixe disso, Vossa Majestade! Tratemos agora de achar alguém digno de representar o noivo.
Visconde: Como um nobre precavido, já tenho um excelente representante.
Narizinho: Quem?
Visconde: O Excelentíssimo Senhor Barão Azul. Conheci-o durante minhas... férias na estante de Dona Benta.
Todos trocaram olhares? Seria outro boneco? Mas não. O "Excelentíssimo Senhor Barão Azul" era na verdade um vidro azul como outro qualquer. Como outro qualquer, não, era um vidro falante com boca, nariz e olhos e cartola azul na boca de garrafa. E o Vidro Azul, assim como o Visconde, era um sábio, um intelectual.
Sr. Vidro Azul: Muito boas tardes à Senhora Condessa de três estrelinhas.
Emília: Ô, Seu Visconde de Sabugosa! Barão pra mim é indigno! Indignísssimo! Tem que ser, no mínimo, Duque!
Sr. Vidro Azul: Pois sou Duque, Senhora Dona Condessa. Duque e Barão. Mas prefiro ser chamado de Barão, pois acho que soa melhor com "Azul" do que Duque. Não acha?
Emília: Pode ser... Mas, vamos logo com este noivado! Ande! Proclame alguma poesia para mim.
Sr. Vidro Azul: Tenho a honra de lhe proclamar uma poesia do nosso poeta Príncipe Rabicó:
Pirluito que bate-bate
Pirulito que já bateu
Quem gosta do Marquês é ela
Quem gosta dela sou eu
Emília: Está tudo errado! Primeiror, eu não...
E a boneca abriu a célebre torneirinha de asneiras. No fim, ficou assentado que o casamento seria para a manhã seguinte.
Continua...
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