terça-feira, 24 de janeiro de 2012

A Prima do Saci - Capítulo XII: O Feitiço está quebrado

Episódio de hoje: A Prima do Saci


Capítulo XII: O Feitiço está quebrado


Pedrinho e Saci vão para fora da caverna e deixam a Cuca amarrada. O Saci faz surgir um redemoinho de vento que os leva até o Sítio. Durante o caminho, Pedrinho percebe que já está amanhecendo.

Eles aterrissam no terreiro, e Pedrinho corre para o quintal da cozinha, onde fica o tanque de lavar roupa. Saci o segue.

Os dois amigos chegam e avistam a flor azul ao lado do tanque. Pedrinho a pega com cuidado, para não danificar a sua salvação.

Pedrinho: É esta, Saci... é esta a flor que pode quebrar os encantamentos da Cuca.

Saci: Então está esperando o que, moleque? Corra para fora e jogue as pétalas ao vento, uma por uma.

Pedrinho: Você está certo... é isso que eu vou fazer.

O garoto corre para fora da casa, seguido pelo duende. Assim que chega, olha para a avó transformada em jabuti tricotando na rede, olha a tia transformada em galinha devastando o milharal e olha para a Emília virada em bonequinha de pano outra vez.

Saci: Anda, moleque... Jogue as pétalas ao vento.

Pedrinho arrancou uma pétala e antes de a atirar ao vento, gritou bem alto:

Pedrinho: Narizinho!

Lá no pomar, uma pedra virou em Narizinho novamente. A menina acordou cambaleando, com uma pesada dor de cabeça e correu em direção à casa. Chegando lá, gritou:

Narizinho: Pedrinho!

Pedrinho: Narizinho!

Os primos se abraçaram, e depois Pedrinho contou à ela todo o caso e Narizinho contou à ele o caso do Escamado. O garoto ficou impressionado e a apresentou ao Saci. O duende beijou as pontas dos dedos da menina, e tirou a carapuça respeitosamente, fazendo a menina corar e Pedrinho ficar enciumado.

Pedrinho: Prestem atenção que vou lançar a próxima pétala... (arranca mais uma pétala e a lança ao vento) Tia Nastácia!

Neste momento, a galinha preta que destruía o milharal virou em Tia Nastácia. A velha negra ainda estava bicando as espigas de milhos quando recuperou a mentalidade de um ser humano. Ela levantou de um pulo, se benzendo toda.

Tia Nastácia: Credo! Dona Benta não há de gostar de saber que virei galinha e ataquei o milharal! Ah, meu bom Senhor Jesus de Pirapora! A Cuca! Ai, Meu São Jorge! O que há de ser de... Pedrinho! Narizinho!

A cozinheira corre para abraçar os seus "sobrinhos", e todos ficam contentes! A cozinheira vê o Saci e leva um susto daqueles.

Tia Nastácia: O Saci! Ai, meu bom Deus, o mundo está perdido!

Todos riram e explicaram tudo à cozinheira.

Tia Nastácia: Vixi Maria! É muita ousadia duma bruxa dessas virar Dona Benta em bicho casquento! Credo!

Pedrinho: Ai, ai, Tia Nastácia... Só você mesmo! Bem, essa agora é pra Emília (arranca uma pétala e a joga ao vento)... Senhora Dona Emília!

Neste momento, Emília virou em gente... boneca-gente de novo. A faladeira acordou como se ainda abraçasse o Visconde de Sabugosa. Só depois ela ouviu uns risos, e abriu um olho, e depois o outro, e desatou à falar; tudo errado, porque depois de virar pedra, boneca de pano que só falava nem um dia inteiro fica falado errado sem parar durante horas.

Emília: Seus caras-de-coruja-seca! Não sabem desrespeitar... quero dizer, esperar... não! escutar.. argh, não é isso! Respeitar!... É! É isso!... respeitar uma dama, não? Ouviria ter... quero dizer, fritaria ser... ai! Queria ver se fosso... fosso, não! É... fossem! Se fossem zum de... zum?...Um! Um de vocês! Ah, mais... mais? Não! Más... Más, não! Mas eu riria... riria? Não! É... Ironia... não, não é Ironia! Iria ir.. vir... rir! Rir muito! Ah, e ainda beijam... deixam... é, deixam o cobre... pobre Doutor Conde... Visconde aí. Tem... Sem vida! Morto!

Pedrinho: Mas, ué! Ele sempre foi assim, sua asneirentazinha!

Emília: Não foi nada!

Tia Nastácia: Pois não soube, menino? Eu deixei o sabugo na estante, e ele ficou sabido...

Emília: Sábio!

Tia Nastácia: Emília! Não me corrija que eu fico envergonhada... ele ficou sábio e está falando que nem doutor de cidade grande!

Pedrinho: Então acho melhor eu desfazer o feitiço dele... um sábio desses aqui no sítio nos pode ser útil. (Arranca uma pétala e a joga ao vento) Visconde de Sabugosa!

Instantaneamente, o Visconde de Sabugosa "despertou" assim como a Emília. Depois de rirem, Pedrinho, Saci e Narizinho tiveram muito gosto em conhecer o sábio sabugo.

Pedrinho: Bem... agora é a Vovó. (Arranca e e joga ao vento outra pétala)  Dona Benta Encerrabodes de Oliveira!

Nada aconteceu. Tremendo, Pedrinho murmurou.

Pedrinho: Vovó?

Neste momento, o jabuti piscou. Era como se falhasse. Em menos de um piscar de olhos era jabuti; em menos de outro era Dona Benta. Por fim, após o que foi um minuto e meio, parou. E parou em Dona Benta. A boa senhora acordou assustadíssima.

Emília, Pedrinho e Narizinho: Vovó!

Tia Nastácia: Sinhá! Sinhá Benta!

Dona Benta foi bombardeada por abraços, e, sem nada compreender, perguntou:

Dona Benta: Mas... mas que fim levou a Cuca? Será minha imaginação?

Pedrinho: Que imaginação, que nada, Vovó! Foi é a diaba mesmo! Mas eu e meu amigo Saci damos um jeito na malvadona!

Dona Benta: Saci?

A boa senhora vê o capetinha, que se aproxima pulando numa perna só e tira o chapéu respeitosamente.

Saci: Saci Pererê, às suas ordens.

Tia Nastácia: Vê que demoninho é esse seu neto, Sinhá? Imagine: virou amigo dum Saci e derrotou a Cuca.

Dona Benta: É, Nastácia... Nisso eu tenho que concordar... Mas, vamos entrando! Vamos entrando todos para tomar o café!

Pedrinho: Espere, Vovó! Falta o Rabicó!

Tia Nastácia: Ah, deixa pra desencantar esse porco esganado depois do café! Assim ele não invade a cozinha pra pedir comida!

Narizinho: Tia Nastácia!

Pedrinho (arrancando a última pétala): Rabicó, seu glutão! O café vai ser servido!

Mal o menino a lançou ao vento e num piscar de olhos surgiu um Rabicó, correndo e pulando.

Rabicó: Eu quero comer! Eu quero comer!

Pedrinho: Calma, seu comilão duma figa!

E todos foram entrando e tomaram o café da manhã com muita alegria e muita conversa. Naquele dia, todos estavam felizes...

Continua...


















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